sábado, 29 de maio de 2010

BEM TE VI!... BEM TE VI!

[English]

"BEM TE VI!... BEM TE VI!"

Esse é o som que costumamos ouvir todas as manhãs aqui em casa. O casal de bem-te-vis que reside num poste de energia elétrica aqui em frente anuncia dessa maneira manhãs recheadas de coisas boas. Pelo menos, é o que diz minha mãe, que fica maravilhada ao vê-los fazendo o nosso portão de ferro desgastado de poleiro. Todas as manhãs, é possível ver um deles no portão. Não sei bem se é a fêmea ou o macho, só sei que estão lá "batendo cartão".

Ultimamente eles andam meio porquinhos, sabe. O poleiro anda sujo. Ah! Obrigado, bem-te-vis por acrescentar mais uma tarefa diária: limpar coco de passarinho...ha ha ha. Adoro!

Às vezes, perco algum tempo sim, quando posso, para observá-los em seu habitat urbano. Me perco acompanhando a rotina do casal, vendo-os alimentar seus filhotes já grandinhos, com as plumas nas cores definitivas do bem-te-vi adulto, voando ao redor do ninho, vigiando-os dos telhados vizinhos e espantando as ameças em potencial: em geral, outras aves. É uma situação muito comum vê-los defender sua prole, atacando os invasores. Eu me divirto com isso porque eles são muito barulhentos e ousados.
O Funcionário da Telefônica
Outro dia, um funcionário da empresa de telefonia precisou subir no poste para fazer a instalação de uma linha. Os bem-te-vis estavam afastados, como de costume pousados nos telhados vizinhos, observando o homem subir. O homem aproveitou para ver os filhotes, enfiando a mão no ninho e retirando um deles. Eram dois. Foi então que pude vê-los pela primeira vez. Até então não era possível porque eu não tinha como subir no poste - e mesmo que tivesse, não subiria só para vê-los, essa é a verdade. Os pais atentos ao que o homem fazia, permaneciam em suas posições, emitindo sons que mais pareciam dizer: "Sai daí! Sai daí!". De repente, o casal de bem-te-vis começou a sobrevoar o funcionário intrometido. Davam voos rasantes sobre a cabeça do homem, gritando e querendo bicá-lo, depois pousavam em um dos fios de alta tensão e recomeçavam as agressivas investidas aéreas. O homem tinha que terminar logo o que viera fazer, porque os pássaros pareciam lhe tirar a atenção. Ora, se o homem se distraísse um momento que fosse, os bem-te-vis vinham e lhe bicavam o cocoruto.

O funcionário demonstrou, contudo, não se importar com os ataques dos bem-te-vis. Ele observava seus movimentos, enquanto fazia seu trabalho, escorado no poste, mexendo nos fios telefônicos, bem próximo ao ninho. Pela maneira que ele pegou os filhotes, com que lidava com os pássaros voando ao seu redor, parecia que ele também era um admirador daquelas pequenas aves. O homem terminou seu serviço, desceu do posto e despediu-se deles. com afeto. Os pais dedicados e protetores voltaram ao ninho para ver se tudo estava bem com os filhotes.
O Gato
Sempre tivemos como vizinhos os tais bem-te-vis, mas eles nunca viveram tão perto assim. De uns meses para cá, eles se estabeleceram definitivamente no poste, no telhado da casa da vizinha e em outros pontos mais próximos. Sempre me brindando com cenas, no mínimo engraçadas.

Na semana passada, eu tinha acabado de acordar. Levantei, me espreguicei e, como de costume, abri a janela para ver a luz do sol. Era um dia agradável, devo acrescentar. Somente se podia ouvir os cânticos entoados pelos passarinhos: rolinhas, assanhaços e, claro, bem-te-vis.

O estado de transe em que eu me encontrava foi logo interrompido pelas risadas da vizinha da casa da frente, lá do alto de sua varanda. Ela se acabava de rir. Parecia achar graça de algo que acontecia lá em baixo. Era um gato.

Ele era grande, tinha o pelo tingido de preto nas costas e nas patas dianteiras. As patas traseiras e a barriga eram brancas. Tinha uma cara enorme, redonda. Há muito tempo não apareciam gatos por essas bandas. Ele parecia assustado.

A moça olhava atentamente na direção do bichano, se divertindo com a cena e aquilo tinha me despertado. O gato se movia furtivamente, se afastando aos poucos da frente de nossas casas. A moça continuava rindo da varanda, enquanto aguardava alguma coisa. Eu, da abertura quadrada de minha janela, tentava identificar do que tudo isso se tratava. De súbito a moça grita, "Lá vem!". E eu fui procurar o que estava vindo. Não via nada.

"Eita!", exclamou. Quando me virei para ver o gato, o coitado estava agachado, colado no chão, com a mesma cara de assustado. A razão? Advinha: os bem-te-vis! Eles estavam enxotando o felino. À medida que ele se deslocava, os pássaros desciam sobre ele, com seus voos rasantes, kamikases, quase tirando um pedaço de seu couro. Comecei a rir.

"Que passarinhos ousados!", falei para mim mesmo. Esse comportamento natural das avezinhas fez o meu dia. Não nego que desejava ter visto o gato levando umas boas bicadas, mas enfim ele conseguiu se livrar dos danadinhos. Fazer o quê?

2 comentários:

  1. Pois é Junior, a natureza sempre nos ensina né? Não importa o tamanho que vc tem o que importa é o tamanho de sua coragem e ousadia! rsrs.
    bjinhos

    ResponderExcluir
  2. De fato, não havia visto a coisa por esse ângulo.

    ResponderExcluir

Expresse sua opinião: concorde, discorde, mas com educação e respeito. Isso é fundamental em qualquer forma de relacionar-se com o outro!
SEJA BEM VIND(A)! ;)