e nunca duas épocas diversas, nem sequer duas gerações
sucessivas, tiveram os mesmos ângulos intelectuais de visão."
Joaquim Nabuco
sucessivas, tiveram os mesmos ângulos intelectuais de visão."
Joaquim Nabuco
Cada geração tem seu tempo, sua forma de ler o mundo, de expressa-lo. Cada uma também é marcada por importantes eventos. Eventos que inspiram valores, comportamentos, sonhos. Para uma grande parcela dos adultos de hoje, os anos 80 foram os melhores. Não diferente de como ocorre hoje com os nossos adolescentes, fãs incondicionais de Restart, Justin Bieber, Lady Gaga ou High School Musical, nós, que vivemos os melhores momentos da década de 80, também tivemos nossos ícones.
A Hora da Verdade
No auge dos anos 80, o karatê era tido como arte marcial muito popular e todos queriam “lutar” karatê. Eu tive aulas de natação (risos). No cinema dentre inúmeras produções voltadas para o público infanto juvenil, The Karate Kid (1984) foi um dos filmes que marcou essa geração. De alguma forma, nos identificávamos – falo em nome da geração 80 - com o jovem e solitário Daniel Larusso, ou melhor, Daniel San (Ralph Macchio), com 16 anos, tentando se adaptar a uma nova realidade: nova casa, novos códigos sociais, longe dos velhos amigos, da escola, longe de tudo. Uma realidade que para muitos jovens pode ser hostil. Sua vida começa a mudar quando o zelador, Sr. Miyagui (Pat Morita) promete ensina-lo karatê, depois que uma gangue de alunos praticantes de artes marciais o espancam e passam a persegui-lo.


para a personagem Trinity (Carrie-Anne Moss) em Matrix, 1999; à direita, Daniel San (1984).
Kung Fu Kid?
The Karate Kid (2010) é sim um remake. Vi em vários blogs, leitores discordando deste fato, comentando que esta era mais uma continuação (Karate Kid 5), pois contava uma estória diferente. Em primeiro lugar, para quem já assistiu ao original, se observar bem, a sequência de acontecimentos original é mantida. É perfeitamente visível a essência do filme de 1984, dirigido por John G. Avildsen e estrelado por Ralph Macchio e Pat Morita. Não é uma nova estória é uma adaptação, como acontece em todos os remake, por exemplo em Clash of the Titans (Fúria de Titãs), 1981 e 2010. E como toda adaptação, é reservado aos roteiristas, produtores e diretores o direito de fazerem suas interferências, afinal, os tempos e o público são outros.
Dre Parker, ou Xiao Dre (pequeno Dre), como é chamado pelo senhor Han (Jackie Chan), é um jovem de 12 anos que muda-se para a China com sua mãe e se vê frente ao mesmo dilema que Daniel San, salvo os detalhes geográficos. Além do fuso horário, o jovem Dre tem que lidar com o idioma complicado, os códigos sociais, os regulamentos da nova escola. Acaba conhecendo uma jovem chinesinha e, a partir daí, incia-se o pesadelo. Após um desentendimento no parque, Xiao Dre é espancado e atormentado por bullies, valentões da escola. Mas as coisas começam a mudar quando o jovem desmotivado Dre começa a aprender a ter dispiciplina e autoconfança através do treinamento do Kung Fu, sob a orientação do Sr. Han para enfrentar os valentões e provar para si mesmo a lidar com seu medo.
Na tentativa de pór fim ao impasse aos que ainda têm dúvidas, vou destacar alguns pontos que que comprovam o que considero a essência do filme original ao comparar as duas versões do filme:
1. Dre Parker, assim como Daniel Larusso, não possui a figura do pai por perto, que de certa forma, é preenchida pela figura dos seus respectivos mestres, Sr. Han e Sr. Miyagi. Ambos os mestres desenvolvem um sentimento paternal para com os dicípulos, percebendo sua dor e desorientação, especialmente porque são atormentados por perderem esposa e filho pequeno;


3. Dre e Daniel pedem ao zelador-mestre de artes marciais que lhes ensine a lutar. Depois vão na academia dos valentões e pedem para que os mesmos deixem o menino em paz, enquanto se preparam para o campeonato onde deverão lutar por respeito.
4. Durante o treimamento, ambos fazem tarefas que não aparentam ser aulas básicas de artes marcais. Ambos são ensinados sobre a filosofia das artes marciais, porém a variação maior, em minha opinião, se encontra aí: o treunamento subsequente de Dre Parker é mas duro e a filosofia transmitida por Han é mais profunda do que é mostrado no original.
5. Eu jamais poderia esquecer de fazer referência à massagem que Miyagi e Han fazem em seus pupilos quando levam a pimeira surra e finalmente quando estão prestes a perder por desistência, quando TAMBÉM os mestre da Academia Dragão Guerreiro pede que eum dos seus "quebre" a perna do discípulo de Han.
6. Por fim, embora os golpes finais sejam ao estilo de bichos diferentes - Daniel San, o chute ao estilo Grou; Xiao Dre, ao estilo Serpente - a ideia é a mesma. Campeonato ganho com uma perna quebrada e um golpe certeiro.

Sem ofensas, sou um amante de todas as artes marciais, especialmente as orientais, mas dentre todas elas, o Kung Fu é lindo demais (risos). O filme é muito bom, dosa muito bem o tom engraçado e sério com as interpretações de Jackie Chan e Jaden Smith, filho de Will Smith. A interpretação de Smith, no entanto, não é das boas, ainda precisa melhorar muito para ser tão bom quanto o pai, ao contrário de como atuou em The Pursuit of Happyness (2006), com então 8 anos, mas dá para assistir.
As melhores cenas são as do treinamento do personagem, porque as lutam finais, no campeonato, são muito fracas e Dre faz coisas que nem treinou, como acrobacias e chutes à la Guile do Street Fighter ou Law de Tekken. Fora isso, vale a pena ver o filme, se emocionar (houve cenas em que eu mesmo não segurei. Não queiram nem saber porquê, por favor) e até comprar o DVD ou Blu-ray, embora o filme não tenha a mesma força para marcar uma geração como The Karate Kid (1984).
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