domingo, 5 de junho de 2011

"A Marcha das Vagabundas"

NOTA DE ESCLARECIMENTO, 19/06/11 (11:42):
O conteúdo do post abaixo reflete a minha opinião quanto às críticas feitas à charge de Alpino no site do Yahoo por internautas, em sua maioria feitas por mulheres e minha indignação sobre a visão depreciativa dada à mulher. Sempre defendi a importância de se consultar diferentes opiniões e fontes de refêrencia ou consulta para obter a informação original a fim de construir uma opinião própria baseada em argumentos e não em achismos. Por isso, não achei necessário, no momento da minha postagem, mencionar tais comentários, poorque havia disponibilizado o link da charge , onde também se encontram inúmeros comentários de internautas, para que os leitores e leitoras deste blog pudessem ir à fonte. Mas, para ajudar a tornar a leitura deste texto mais clara, venho mencionar um comentário que está publicado no site cujo link se encontra ao final deste post:

leila Curitiba - PR - 06.06.2011
Achei, ridículo como o yahoo está tratando a “marcha das vagabundas” no primeiro comentário do site ridicularizaram a ideia, e agora novamente postando charge claramente sexista e obviamente feita por homens. A marcha é um movimento legítimo, cujo nome alías é uma critica para quem não sabe!! Ridicularizar a ideia de que as mulheres podem e devem fazer o que quiserem com o corpo é uma ideia obsoleta e ultrapassada de uma sociedade com um viéz medieval!!"



















"A Marcha das Vagabundas" que aconteceu ontem em São Paulo, é uma versão do "SlutWalk" que as universitárias canadenses fizeram em protesto contra uma declaração feita por um policial que aconselhou as mulheres a não se vestirem como prostitutas a fim de evitar serem atacadas por estupradores.

Quanto à charge, o duplo sentido de Alpino é pesada, sugerindo haver muito mais "vagabundas" além das trezentas que saíram às ruas. Mas no país do "politicamente correto" (a onda do momento) onde se incentiva aluno sem saber ler e escrever direito passar de ano, onde o Ministério da Educação lança cartilha gay e ainda faz piada de beijo lésbico, onde se lança gramática de português preocupada com o "falar errado" como sendo certo, num país onde estudar não dá futuro porque o legal é ser ladrão ou político (dá no mesmo), vendendo drogas ou acorbertando maracutaias (porque só assim se tem dinheiro para comprar roupa de grife, carro, moto etc pois dá-se mais valor à cultura do ter),  principalmente para muitas mulheres (já que a charge pode ser considerada ofensiva), enquanto, muitos jovens querem ser qualquer coisa menos uma pessoa letrada, algumas mulheres não vêem nada de mal em exibir as partes íntimas em danças vulgares em shows, em ensaios fotográficos na TV, em revista e principalmente na rede de computadores.

Pois é assim mesmo. O tratamento dado às mulheres em certas letras de pagode e funk, por exemplo, por mais que digam que são formas de exaltação do ser mulher, nada mais me parece do que a redução da imagem feminina a um "objeto" sexual.  A charge ofende; as letras, as danças e os videoclipes não. Por quê?

Num país onde se encontra essa diversidade de princípios e valores deturpados ao longo de décadas de descaso e de ausência da cultura de pensamento crítico, qualquer crítica feita a essa charge soa no mínimo como hipocrisia.

Fonte:
O autor é Alpino, colunista do Yahoo e a charge é originalmente encontrada em:
http://colunistas.yahoo.net/posts/11430.html

3 comentários:

  1. Bem, podemos começar assim:
    Nada justifica agressão, de qualquer tipo, inclusive agressão sexual contra mulheres.
    Vestir-se de forma "vulgar"? Isso me soa como opinião e não como fato.
    Ser vulgar, vestir-se ou comportar-se deste modo é um julgamento que pode ser contestado, mais é dependente apenas de quem os faz. Por que as mulheres tem que se privar de usar determinadas roupas ou, portar-se de um modo dito apropriado para não serem agredidas?
    Acredito que ha, grande falta de clareza de muitas pessoas em relação a direitos incontestáveis. Não importa como uma mulher se vista, a música que ela dança ou qualquer OPÇÃO de comportamento que tenha, sua vontade tem que ser respeitada.
    As mulheres não tem que ser ensinadas a não se vestirem de forma "vulgar", nem como se comportarem para não serem violentadas. Violência sexual é crime, não é uma questão de provocação!
    O que deveria ser ensinado é:
    Respeitar as pessoas, independente de suas vestimentas, classe social, cor, orientação sexual e religião.
    Deveria ser ensinado que mulheres não são inferiores. Que não nos vestimos exclusivamente para os homens, afinal, será que os homens pensão que são centro de qualquer atitude feminina?!?!
    É absurdo justificar estupro culpando exclusivamente as mulheres e não os homens doentes que essa sociedade louca cria e defende!
    Pensar antes de falar ou escrever é sempre bom. Principalmente quando de trata de preconceito. Ou machismo e sexismo não são preconceitos?
    Mulheres são oprimidas, violentadas e relegadas a segundo plano e privação. Já está na hora de sermoas mais racionais e percebermos que os direitos e deveres são iguais para ambos os sexos.
    Se homens começarem a ser agredidos por mulheres por andarem sem camisa ou na em horários ditos como impróprios será justificado?
    Me esqueci de uma coisa, não há horário impróprio para homens andarem na rua, nem vestimentas inadequadas...
    Me poupe!
    Já está mais que na hora de mudarmos!
    Putas, Vadias, Vagabundas, Santas, Mães de Família... todas merecemos respeito!


    Fernanda Araújo

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  2. Assim como aconteceu com, na época, a universitária Geisy Arruda que foi descriminada por grande parte do corpo de alunos da univerdade onde estudava e por parte da própria universidade, por trajar um vestido rosa justinho, as universitárias cansadenses também foram discriminadas, tratadas como vadias pela forma que se vestiam. Óbvio que isso é discriminação! O que chama atenção nos dois casos é o reforço institucional: a primeira na figura da univerdade que a expulsou; e na segunda, por parte da instituição policial na figura do agente de polícia que proferiu tal declaração. Se uma prostituta usa um vestidinho apertado e uma mulher "direita" também usa, logo todas elas são "vadias". O problema são essas associações, feitas a partir dessa visão etnocêntrica, que levam as pessoas a fazer generalizações.
    Não somente no Brasil, existe também essa "generalização" da visão de mulher-vadia, através da música, que infelizmente é legitimada por muitas mulheres ao "consumirem" esse produto (música). Minha posição é clara: contra a este tratamento depreciativo dado a figura da mulher e ligitimação e reforço dados à essa imagem.

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  3. Quanto à charge, vi no post original alguns comentários achando aquilo um absurdo, entendo os leitores, no caso, que o autor chamava as mulheres que não estavam na manifestação de vadias também. Não é bem assim...
    Concordo com a Fernanda que disse assim "Não importa como uma mulher se vista, a música que ela dança ou qualquer OPÇÃO de comportamento que tenha, sua vontade tem que ser respeitada." Houve desrepeito por parte do policial (no caso das alunas canadenses) e por parte da universidade e alunos (no caso de Geisy). Mas será que houve no caso da charge de Alpino? Definivamente não.

    "A Marcha das Vagabundas", nome dado ao movimento das paulistanas, já é no próprio nome uma crítica à crítca do policial canadense que deu a entender que as universitárias se vestiam como "vagabundas" e por isso responsáveis por chamar atenção de estupradores. Se roupas mais ousadas são atribuídas a vagabundas somente, como pensou o policial e provavelmente pensaram os agressores de Geisy, logo todo mulher que, por qualquer razão que seja, use uma roupa mais ousada, curtinha, é também uma vagabunda. Certo? Errado. ISSO É UMA GENERALIZAÇÃO. É nesse sentido que tanto as manifestações do "SlutWalk" quanto a "A Marcha das Vagabundas" usaram o termo: em protesto quando aos outros as chamarem assim.

    Quando Alpino mostra um homem no bar, dizendo que "Só (haviam 300 reunidas na paulista)!" ao ler a manchete do jornal sobre a marcha, ele faz uso de linguagem satírica (típica da charge) para criticar o número de mulheres que formaram se reuniram, ressaltando a existência de mais mulheres que também costumam usar roupas ousadas e que, também, nem por isso, são vagabundas.

    Por isso é que qualquer crítica feita a essa charge soa no mínimo como hipocrisia. Devido à falta de análise, uma interpretação da ilustração e conhecimento das características e funções deste gênero textal, a charge.

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