Sonho X Realidade

Alguma vez você já se perguntou: Qual é a diferença entre sonho e realidade? Quando faço as coisas do meu dia-a-dia posso estar sonhando? E quando sonho, não posso estar vivenciando uma experiência real? Mas afinal, o que é real?

Essa questão que intriga o ser humano desde a Antiguidade, a noção do que é real, sempre foi um dos meus temas favoritos, especialmente desde que assisti ao filme "De Olhos Abertos" pela primeira e única vez na televisão. Nunca mais o exibiram. Sorte que o consegui em arquivo de vídeo AVI em espanhól (sem legenda).

Outros filmes foram produzidos, abordando o tema, mas destaco, os três que considero os melhores filmes do gênero de todos os tempos em minha opinião:

1. "De Olhos Abertos" / "Preso na Escuridão" (Open Your Eyes/Abre Los Ojos), 1997, do diretor Alejandro Amenábar;
2. "Matrix", 1999, a trilogia de Andrew and Larry Wachowschy;
3. "A Origem" (Inception), 2010, de Christopher Nolan.
Nos três filmes, seus protagonistas são levados a se questionar o que é real. Percebem que algo está errado, algo não está do jeito que deveria ser, mas não sabem dizer o que é. A sensação de angústia lhes toma por completo. Com a ajuda de outros personagens-chave geralmente o protagonista alcança a "revelação", o entendimento do que é real.

No primeiro filme, Abre Los Ojos, César (Noriega) após sofrer um grave acidente de carro e ter seu rosto disfigurado começa a ter algumas alucinações, pesadelos. Logo descobre que tudo o que esta vivendo desde o dia em que caiu bêbado na rua é uma falsa percepção da realidade criada como parte de um processo de criogenia em que o conservava vivo até que a medicina tivesse meios para reconstruir seu rosto, experimentando uma realidade virtual tão lúcida quanto a própria vida, uma fantasia criada a partir dos eventos reais vividos no passado.

Em "Matrix", Morfeu (Fishburne) é o responsável por revelar a Neo (Reeves) que o que ele vive e pensa ser real é apenas uma forma de controle, uma prisão para a mente humana. Neo é treinado por Morfeu para "libertar sua mente" da dúvida, do medo. Na sequência da série, "Reloaded"(2003), ao se encontrar com O Arquiteto (Helmut Bakaitis), lhe é revelado que a estória do "escolhido" é só mais uma forma de controle, baseada no "livre arbítrio".

Neste último, "A Origem', ainda em exibição nos cinemas de Salvador, Leonardo DiCaprio é um ladrão profissional, um "con artist", especialista em ganhar a confiança das vítimas para depois roubá-las. Don Cobb (DiCaprio) possui a capacidade de penetrar nos sonhos dos "alvos" para roubar-lhes segredos. Ele usa essa habilidade para manipular o mundo do sonho no qual o alvo está inserido, fazendo com que tudo e todos trabalharem a seu favor. Mais tarde, com a ajuda de Ariadne (vemos aí mais uma referência à Mitologia Grega em filmes, muito comum. Ariadne, filha do rei Minos, foi a esposa de Teseu, o héroi que matou o Minotauro. Ela o ajudou a sair do labirinto de Creta usando um novelo de linha, o "Fio de Ariadne"), que é responsável por criar o mundo dos sonhos, um labirinto para esta missão e tirá-los de lá com segurança - daí a analogia ao mito -, Cobb e sua equipe precisa penetrar nas camadas mais profundas do inconsciente do "alvo", Robert Fischer, para implantar uma ideia: convecê-lo de romper com a impresa do pai. O filme é dotado de muita ação e efeitos visuais sensacionais.

Embora ao assistir pela primeira vez, o filme possa ser comparado à trilogia Matrix - foi a minha impressão também - aborda de uma maneira um pouco diferenciada a noção do que é real e o que é sonho. O questionamento do que é real ou sonho e a complexidade da mente são abordadas com maior ênfase do que nos outros filmes. Por exemplo, os aventureiros do mundo "virtual" buscam adentrar os níveis de inconsciência mais profundos, pulando de sonho para sonho, onde o tempo é relativo.
Podemos perceber também essa complexidade na relação conflituosa entre Cobb e a ex-esposa, Mal. Ao longo do filme, vamos conhecendo um pouco mais sobre Mal e descobrimos que ela nada mais é do que uma reminiscência, criação, ou melhor, uma projeção da ideia da esposa de Cobb a partir da culpa que ele sente por ela ter se matado. Tudo o que acontece é apenas projeção do insconsciente de Cobb. O mais intrigante é que no final, o telespetador fica sem saber ao certo se ele acordou ou não do furgão que caiu da ponte. Acredito eu que Cobb morreu e ficou preso no "limbo".

Preciso assistir de novo. Volto para comentar com mais detalhes mais tarde. Esse com certeza vai para minha DVDteca...rs. Afinal, "Matrix" só cheguei entender depois de várias exibições e sempre acabo descobrindo algo novo.